Friday, November 18, 2005

excentricidades II

conta o povo que foi a belém que lá na região há um prato típico chamado tucupi. ok, eu já tinha ouvido falar, você já deve ter ouvido falar, minha mãe e sua vizinha idem, mas a questão é que a iguaria guarda detalhes escusos por trás desse nome. trata-se de um molho de cor amarelada, extraído da raiz da mandioca brava que, depois de descascada, ralada e espremida, oferece um líquido, que deve descansar ao longo de uma semana. a questão é que a parada é, inicialmente, venenosa. isso mesmo, o molhinho é do mal. tamanha letalidade se deve à presença, em sua composição, de um ácido chamado cianídrico, e é só através do cozimento do líquido que se elimina o tal veneno (sendo possível, então, usá-lo - o líquido, e não o veneno, óbvio - como ingrediente nas receitas). ontem, entre o chope e o bolinho de bacalhau, o café e a banana frita, começamos a especular: será que quando os donos de restaurantes de lá querem eliminar seus desafetos eles deixam o tucupi cozinhando por apenas quatro dias? e, medo, será que é seguro comer esse negócio em qualquer biboca de belém, correndo o risco de morrer em decorrência da preguiça de um cozinheiro imprudente? e os microondas paraenses, será que eles vêm de fábrica com, além dos clássicos "modo pipoca", "modo 1 minuto" etc, uma tecla onde se lê "modo tucupi"? tipo, você põe a mandioca dentro do forno e ela fica lá rodando por uma semana?

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