Friday, April 13, 2007

cross stance

eu nunca tinha reparado nos seus joelhos.
na minha cabeça, você era, até então, quase só um amontoado de imagens ancoradas a impulsos elétricos que faiscavam a boca do estômago. e, antes que houvesse articulações ou quaisquer outras coisas que dobrassem, havia maçãs e sobrancelhas. aí vieram os joelhos. porque ficamos sentados frente a frente por uma hora e alguma coisa, entediados com aquela encenação burguesa e vazia, e o olhar flutuou três minutos até descansar nas cartilagens redondas onde suas pernas fazem esquina. brilhando. você ir embora: esvazio e murcho. as panturrilhas caminham levando embora. odeio quando seus joelhos me dão as costas.

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