Friday, January 09, 2009

coração de mãe

ana, oi. olha, pára com isso. por que você saiu daquele jeito? se descabelando, chorando, fazendo o maior auê, vizinho vai ter assunto pro semestre inteiro. porra, não tem cabimento, que tempestade em copo d'água, mulher. ã? eu, cafona? dane-se, ok, não tô nem aí, só quero que você pare de frescura e deixe os outros serem felizes também. sim, eu sei. ahã. sim, claro. mas e o que isso tem de mais? diz, o que tem de mais. eu não vejo problema algum, te juro. sim, eu entendo, mas isso não quer dizer que eu tenha que concordar com tudo que você diz. ah, insensível é você, nem vem. há, essa é boa! não estou invertendo papel nenhum, que mania. veja, a neusa é uma pessoa tão doce, mas tão doce, tem o maior carinho pela menina. trata como se fosse filha mesmo, sabe? como assim? ué, e você queria que ela tratasse sua filha mal? beliscasse a raquel, botasse de castigo? porque tem gente que faz isso, não sei se você sabe. volta e meia aparece na tv, os telejornais sempre mostram. tipo umas crianças torturadas, babá desce a mão e os pais botam câmera escondida. não tô mudando de assunto. só quero te mostrar que essa discussão toda é uma besteira tão grande que não me conformo de ter que ficar aqui perdendo tempo e batendo boca com você. não, eu não tenho compromisso. sim, tem o almoço na minha mãe, mas não tem problema se eu me atrasar alguns minutos. ó, não ofende, deixa minha mãe fora disso. vamos resolver, sério. te pergunto, que mal tem, ana? hein? fala, pô. alô, ana? ana-a? oi, ai, pensei que tivesse caído. então, eu só quero dizer que se a menina quer fazer isso pela madrasta, não tem problema, poxa. eu sei que você não morreu, ana, é só um jeito convencional de se chamar a pessoa. não, eu não quero que você morra. eu só quero, tá prestando atenção? eu só quero que você relaxe e autorize a raquel a entrar com a neusa na igreja, simples assim. eu sei que você já sabe o que eu tô pedindo, não estou te chamando de idiota. ai, cacete. é que com você as coisas são tão longas e complicadas, sempre foram. ana, calma, não desliga. vamos resolver. ana, alô? alôu?

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