Wednesday, December 16, 2009

foco

de tanto curvar-se para olhar o próprio umbigo, um dia o sujeito não pôde mais ficar ereto. com a coluna dobrada ao meio, estudou técnicas tântricas de respiração para que os pulmões funcionassem sem prejuízo de sua saúde, ao mesmo tempo em que reaprendeu a andar baseando o centro de equilíbrio na junção das nádegas esquerda e direita. camisas ganharam botões nas costas, colheres tortas substituíram os antigos garfos, e aos poucos consumaram-se as adapatações necessárias de modo que seu mundo seguisse com poucas alterações significativas. graduou-se com louvor em seis semestres, conheceu a nova zelândia, e aos vinte casou-se com rosa no interior do tocantins. por tornar-se monotemático e tedioso, viu - pelo canto dos olhos - partirem mulher, filho e outros poucos amigos. foram décadas, ao que se sabe, até sua testa colar-se definitivamente ao ventre sem qualquer possibilidade de cura.

7 comments:

Luigi Anghinoni said...

massa!

Anonymous said...

Faço questão de ler, mas gostar mesmo...
E eu tenho boa memória. Não esquecerei sua fisionomia nem seu nome. Por qual motivo me preocupo com isso, é algo que eu ainda não descobri...rs...
Bom, espero mais textos seus na Bravo!.
Bom 2010!

A. Alves said...

minha nosssaaa, há quanto tempo você não passava por aqu não?

voltei ao meu blog esses dias depois d emuito, muito tempo sem escrever. pensei em você. como tu andas - você e seu pequenino? está em São Paulo?

beeeijos mil!

Anonymous said...

Dá pra ver fotos suas através do Facebook do seu namorado.
Engraçado, quando pesquisei seus recados no Orkut, você era casada, a família do cara era de Recife e você tinha um filho, o Téo.
Agora, fuçando no Facebook, vi que você já está namorando (o cara estava casado até a pouco tempo atrás, inclusive, algumas pessoas demonstraram espanto em saber que ele já está se relacionando com outra pessoa).
Para você ver o que são as redes sociais e a curiosidade de pessoas que se dispõem a pesquisar....

Anonymous said...

Por favor, se puder apagar este e o post anterior, apague.
Agradeço.

junior said...

Para tirarmos os olhos do umbigo, parte depende do que encontramos nos olhos alheios. Em alguns dias, ao redor tudo parece tão feio. Melhor é olhar a feiura familiar, apesar de as vezes ainda assustar aquilo que existe dentro do supostamente conhecido eu.

Natalia Klein said...

Muito bom!