você sabe que está indo muito para o rio de janeiro quando a tia da limpeza no graal de resende te cumprimenta. e ainda te chama pelo nome.
você sabe que está no rio de janeiro quando passa na porta do boteco e um mané, ao ritmo de um som obsceno, elogia quase na sua orelha: tchu-tchu-caaaaaa.
você sabe que voltou do rio de janeiro quando desce do ônibus e dá de cara com um simpático termômetro de rua: 13°.
Monday, April 17, 2006
Thursday, April 13, 2006
16 de abril
no último dia, ela foi passear e encontrou um siri azul. achou graça. se chacoalhou inteira, pança, olhos, e quis levar o siri pra casa. corina gostava de esmaltes cor-de-rosa cintilante, pão sovado e viagens longas. colecionava tuppewares, sapatos, netos. ciclotímica, fascinante. gaúcha morena que fui conhecer já loura, riu pra mim com bandagens na cabeça depois de uma cirurgia plástica e a criança pôs-se a chorar. chorei muito por sua causa, a propósito. no dia em que entupi o banheiro azul e levei bronca - achava que a rusga duraria uma eternidade e, por isso, a enchi de pães de queijo na volta da escola: dá o dedinho? espera marido, lasanha, bolo de batata e bife a milanesa. cadê meu helena rubinstein? dizia quá quando o assunto encerrava ou virava nó, proclamava assim como são as pessoas são as criaturas. como? assim, ué. um, dois, três, nove, dezesseis: paparicava todos, pendendo leves distinções que em nada melindravam ninguém. afinal, fomos uma equipe. o time engenhoca, machado afiado com pedra do norte e cerne militar. um doce sargento. que amava pulseiras, produtos da avon e dobermans pretos. no último dia, quis levar o siri pra casa. não deixei, enlouqueceu? vamos desligar a tv e jantar ao som de música brasileira. rir da hebe, cochilar na poltrona e colocar o relógio para as sete da manhã. só eu acordei. eu e uma saudade incrível de você.
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