o poeta chacoalha seus penduricalhos
abre um casaco cheio de métricas, frases de efeito
deixa cair uma rima
no assoalho trincado
e dobrando o corpo cansado
avista botas de uma menina
dá um passo pra trás em respeito
só quero o que é meu
duas sílabas consoantes
que por descuido
escorregaram de mim
deixa assim
minha mão na tua, encontro fluido
históricos conflitantes
e ofereço em troca um bem precioso:
eu
atônito o poeta ergue
a mão, o casaco, a rima
fita a menina
de botas
que, sorrindo, se entrega em verso
não me preocupa fazer sentido
ou se teu casaco puído
carrega mais tralhas que poderia
tudo que eu quero é você
tuas rugas inventadas
e teu olhar envelhecido
minha juventude agora é tua
desenhemos com giz na rua
um poema que chamarei "destino"
feito de palavras ingênuas
escritas por um menino
e colorido de uma felicidade estrangeira
da qual já havia me esquecido
3 comments:
Ah, que bonito! =~~
Te amo com a força de dez umbigos!
Ei, eu reli. Continuo gostando. :-)
Beijo.
(Ruy)
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