Tuesday, March 07, 2006

ontem

era como se dela vazasse uma luz cor de laranja. com ilustração de margaridas vivas. ontem, tanto brilho e era como se ela e outros pedestres não pudessem habitar um único quarteirão, dois corpos disputando o mesmo lugar no espaço. carros buzinam. e displiscente ela abre um guarda-chuva velho, amarrando uns fios de cabelo num elástico que pesca de dentro da mochila. debochada, a maldita. sorri para um homem que atravessa a rua e prum outro que calcula o peso na balança - de onde logo desce, prudente-envergonhado. atravessa a rua correndo num dedo só, faz graça e freia em frente à kombi de operários. sem sandálias pra pisar a chuva, queria mesmo era bailar num temporal de raio e relâmpago. balança a saia na cadência das caixas que quase roçam tímpanos, lá-vem-ela, a louca. o cachorro cala a boca, um pipoqueiro perde a rota e um moleque quase aplaude. membros do júri, senhores: havia motivo pra tanta alegria?

1 comment:

Anonymous said...

que lindo
vou virar fã desse blog. rs